quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Curtas: Eternal Champion, Metallica, Sodom e Evergrey


Curtas: Eternal Champion, Metallica, Sodom e Evergrey
Por Trevas



Eternal Champion - The Armor of Ire
Eternal Champion – The Armor of Ire (Cd-2016)

O que que é Isso, Campeão?

Capa tosca, nome de banda tão horrível que parece piada, confesso que só tomei coragem de encarar o disco pois vi muita gente falando sobre o mesmo no Facebook. Eis que começa a bolachinha da banda texana, com I Am the Hammer. Bom riff, música Midtempo, produção vintage com cara de meio dos anos 1980 e um vocal que fica tão longe de ser memorável quanto de irritar por completo, lembrando um pouco o enfoque algo raquítico dos Papas Emeritus do Ghost. Até que é bacana, vejam só. A faixa título traz bons riffs e um andamento contagiante, seria muito boa, não fosse a melodia vocal bastante desinteressante.



E aqui vai a grande crítica ao disco de estreia dos caras, o mesmo está repleto de riffs contagiantes estragados por um vocalista incapaz de criar melodias à altura, às vezes parecendo se atrapalhar até mesmo com a cadência das letras, com uma interpretação tão sem graça que mesmo nos menos de quarenta minutos de duração da bolachinha já fiquei absolutamente desinteressado em acompanhar o trabalho da banda. Mas sempre há espaço para evolução, quem sabe no próximo disco o cara melhore ou a banda escolha uma voz mais marcante. Por enquanto, a despeito das boas guitarras, posso dizer que não dá para recomendar o Eternal Champion.


NOTA: 6,54


Pontos positivos: ótimos riffs e bons solos
Pontos negativos: vocalista muito limitado
Para fãs de: Manowar, Manilla Road
Classifique como: Heavy Metal Tradicional, True Metal



A pose é maneira, já a voz....


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Metallica - Hardwired
Metallica - Hardwired...To Self Destruct (2 Cds – 2016)
Duplamente Mequetrefe
Mais um hiato imenso entre discos, mais uma avassaladora campanha de marketing e lá vamos a mais um disco da maior banda de Heavy Metal dos EUA. Como algumas pessoas parecem ter esquecido, as propagandas repetem a ladainha da era Death Magnetic: o Metallica volta a suas origens e tal. Vamos ver. A arte de capa já acaba um pouco com minha esperança: não bastasse ser horrorosa, é cópia descarada da ideia já nada boa da capa de Odd Fellows Rest, disco de 1998 do Crowbar.


O pessoal do Napster deve ter achado engraçado,  não?

Mas como o que realmente importa é a música, deixa quieto. A faixa título abre o disco de forma promissora e de maneira inesperada, no meio das músicas de 789 minutos que a banda vem compondo ela ganha pontos só pelo fato de ser direta e curta. Nenhum novo clássico, soa até algo genérica, mas é visceral. Atlas, Rise! faz referência à NWOBHM em suas harmonias de guitarra e é outra boa música, carecendo só de solos à altura. Now That We’re Dead já remonta ao Death Magnetic, riffs sem graça e melodia sem nenhum brilho se estendendo por mais tempo do que deveria. A mediana Moth Into Flame confirma o que a faixa anterior já mostrava, esqueça, o que Metallica nos entrega aqui é bem semelhante ao que entregou no disco anterior, só que com estratégia de marketing nova e uma boa produção. Dream No More tem nuances Sludge em seus chatos quase sete minutos de duração. E o que diabos é a voz de papa Het na interminável Halo of Fire?


O segundo disco inicia com a marcial Confusion, que vem e vai sem deixar sequer um segundo de sua melodia em nossas cacholas. O disco vai se arrastando música longa após música longa, com riffs e melodias medíocres e um clima tão Death Magnetic que dá a impressão de se tratar de sobras de estúdio daquelas sessões. Chego até Murder One esperando que a suposta homenagem ao lendário Lemmy ao menos se salve. Mas nada acontece numa música midtempo tristonha que usa vários bordões do Motörhead em sua letra em vão. Não esperava grande coisas do disco, mas o padrão até aqui estava abaixo até mesmo das minhas tacanhas expectativas. Mas aí aparece o encerramento com a paulada Spit Out the Bone, de longe a melhor coisa desse trabalho e quiçá da própria discografia dos caras pós Black Album. Infelizmente é muito pouco e veio tarde demais. Claro, vai vender horrores. Claro, vai catar poeira nas estantes dos fãs em menos de um ano. Metallica renascido? Do alto da cadeira de seu escritório, Dave Mustaine solta uma sonora risada.


NOTA: 6,22


Pontos positivos: vejam só, tem uma música com 3 minutos de duração e a produção não é uma bosta. Revolucionário!! Ok, falando sério, Spit é excelente.
Pontos negativos: o material dos dois discos não dá para fazer nem um Ep de bom nível.
Para fãs de: Nickelback, Creed
Classifique como: Heavy Metal

Nosso heróis brigando com o estagiário que fez a capa...


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Sodom - Decision Day
Sodom – Decision Day (Cd-2016)

Dia de Carniça


Se os estadunidenses do Metallica tem muito tempo que já não podem ser interpretados como uma banda de Thrash Metal, o mesmo não pode ser dito dos teutônicos do Sodom. Ouvi esse disco em seguida ao Hardwired e já nos primeiros instantes da destruidora In Retribution um sorriso insano tomou meus lábios, agora sim estamos falando sério! Afora uma pegada mais Black Metal na voz de Tom Angelripper, não há grandes mudanças estilísticas no som dos caras, verdade, mas nem parece ser essa a intenção, e a falta de novidades é compensada por uma pegada avassaladora e uma torrente de boas músicas.


A faixa título dá uma leve guinada ao Metal mais tradicional, enquanto Caligula traz um certo clima épico em seu refrão. Destacaria também Strange Lost World e Blood Lions em meio à porradaria incessante. A incorreção política está escrachada na singela Vaginal Born Evil, mostrando que sempre há espaço para humor (ainda que de gosto duvidoso) em meio à desgraceira dos alemães. Certamente um dos grandes discos de Thrash de 2016. 

NOTA: 8,58


Pontos positivos: veloz e visceral.
Pontos negativos: a voz de Mr. Tom pode soar mal a ouvidos mais sensíveis
Para fãs de: Kreator, Destruction
Classifique como: Thrash Metal



Vai um Napalm aí, tio?
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Evergrey - The Storm Within
Evergrey – The Storm Within (Cd-2016)

Chororô Inspirado


Os suecos do Evergrey deram uma tremenda sacudida em uma carreira que havia caído na morosidade com o estonteante Hymns For The Broken (de 2014), então o novo disco chegou às prateleiras sob considerável expectativa. A arte gráfica, feita por um brasileiro, Carlos Fides, fez com que eu ficasse ainda mais na torcida de estar diante de um disco especial. E se Distance se distancia (dãh) da acachapante abertura da bolachinha anterior, com seu andamento lento e melancólico, também entrega que a sonoridade escolhida representa quase uma continuação do que ouvimos lá em 2014. Passing Through tem algumas passagens (dãh, de novo) de guitarra que remetem até mesmo ao Whitesnake e é bacana como a faixa anterior, ainda que longe de ser um novo clássico.




A produção é perfeita tal qual a execução das músicas, o que era de se esperar pela qualidade dos profissionais envolvidos, com claro destaque para o sempre excelente vocalista (e guitarrista) Tom S. Englund. É tudo tão bem feito que ficamos tentados a esquecer as letras de adolescente emburrado, que fariam corar até o Chester Bennington.  Mas, ainda que as músicas sejam todas boas, é curioso que o ápice aqui se dê justamente quando o quinteto lança mão da participação da monstruosamente arrogante e igualmente talentosa Floor Jansen (Nightwish, Revamp) na boa In Orbit e na matadora Disconnect (onde, em seu início, Tom faz sua melhor personificação de Warrel Dane). Mais um grande disco!

NOTA: 8,03


Pontos positivos: boas músicas com ótimos vocais e instrumental caprichado.
Pontos negativos: letras infantis e clima choroso podem afastar o ouvinte casual
Para fãs de: Nevermore, Pain of Salvation
Classifique como: Prog Metal, Power Metal




Hey, garoto, vai um chororô diferenciado, aí?









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