sábado, 22 de março de 2014

Testament – Dark Roots Of Thrash (Bluray Disc + 2 CDs – 2013)

Testament - Dark Roots Of Thrash (2013)
Unleash The Hounds Of Hell!!!
Por Trevas

Oito anos se passaram desde que o bom Live In London (ver vídeo abaixo)foi lançado em disco e DVD, comemorando a turnê de retorno da formação clássica da banda. No set, apenas material da fase de maior sucesso. A saber, do ótimo The Legacy (1987) até o não tão bom The Ritual (1992). Já naquela época o Testament possuía material atual no mínimo tão bom quanto ao dessa era, tendo lançado petardos como Low (1994) e o monstruoso The Gathering (1999), discos nos quais adicionou ao seu Thrash clássico elementos de Death Metal.


Tendo lançado mais dois discos que facilmente rivalizam com qualquer material pretérito, The Formation Of Damnation (2008) e o espetacular Dark roots Of Earth (disco do ano de 2012 aqui na Cripta – ver resenha), e sendo reconhecida como uma das melhores bandas da cena Thrash em cima de um palco, nada mais justo que presentear os fãs com mais um registro ao vivo. E temos então Dark Roots Of Thrash, lançado pela Nuclear Blast, capturando a performance da banda em fevereiro de 2013 no Paramount Theatre, em Nova York.

Formatos e Embalagem

Dark Roots Of Thrash pode ser encontrado em uma grande variedade de formatos: DVD, CD duplo, combo DVD + CD duplo e Bluray Disc + CD duplo. Esse último, alvo da presente avaliação, pode ser encontrado inicialmente em uma tiragem limitada embalada em uma bela lata. Um fetiche para os colecionadores de plantão.

A Latinha da Perdição!
O Show – Performances + Set List

Quem já teve a oportunidade de assistir o Testament ao vivo sabe bem o que esperar: uma banda extremamente enérgica e ao mesmo tempo precisa, podendo ser considerada talvez a mais técnica da cena da Bay Area. E esse show não é diferente. Após uma looooonga introdução que mostra alguns detalhes da pré produção do evento, somos saudados pela execução no som mecânico do hino norte americano misturado a sons de guerra, com o palco iluminado por luzes vermelhas que simulam sirenes. O clima belicoso aumenta ainda mais quando a platéia ensandecida que lota o Paramount Theatre é tomada de assalto pela arrebatadora Rise Up, do novo disco.


Seguindo com a estupenda More Than Meets The Eye, Burnt Offerings e Native Blood, o início do show dita a regra do Set List: uma bem elaborada e montada mistura do material mais atual com pinceladas de clássicos. Nada soa gratuito, o que mostra que a força da banda não reside apenas em sua ótima técnica e presença de palco, mas também na alta qualidade do material.


Por falar em técnica, vamos às performances individuais:
- Chuck Billy venceu o câncer e isso não surpreende. O gigante indígena parece absolutamente indestrutível, especialmente em cima de um palco. Seu timbre prontamente reconhecível e seu drive possante ganharam em muito com a salutar adição de guturais muito bem encaixados. Isso sem contar com sua presença imponente tocando air guitar em seu indefectível meio pedestal cromado que em muito se assemelha a uma peça de caminhão.

Bugio-man e o pedestal troozão!
- As guitarras do Testament são um caso a parte, e talvez um dos grandes diferenciais da banda. A enganosa rudeza e pegada quase Death de Eric Peterson nas bases (e alguns solos) contrastando com a técnica e timbre mais rebuscados de Alex Skolnick, versado em jazz e certamente o mais talentoso dos guitarristas da cena thrash oitentista. Skolnick chega a ser assombroso em diversos momentos, tamanha a facilidade com que executa alguns dos mais complicados e brilhantes solos da história do metal. Eric ainda auxilia bastante Chuck nos vocais, em especial nas dobras dos guturais.

Alex e Eric humilhando os reles mortais com sorriso nos rostos
- A cozinha da banda poucas vezes esteve tão bem servida. Greg Christian, com sua cara de cracudo e boa presença de palco, consegue fazer seu baixo aparecer bem no meio da parede de guitarras e da bateria frenética, mas o faz com simplicidade. Algo raro no Gênero, exceto pelo Overkill, talvez. Já Gene Hoglan dispensa comentários, como sempre. Um monstro, o cara desce a lenha com pegada e precisão absurdos. Um dos maiores no estilo, sem sombra de dúvida. Merecia uma câmera grudada só nele, para deleite dos bateras de plantão.

Não importa quem você é, Gene é melhor que você, aceite!
Som e CDs

Capturado por Steve Lagudi (que trabalhou com Il Niño, God Forbid e o próprio Testament), masterizado por Ken Lee (engenheiro de som cujo extenso currículo só possui o Testament dentro do Metal) e mixado por Juan Urteaga (que já trabalhara com a banda, além de ter mixado material do Machine Head e Heathen), o som do show beira a perfeição. Todos os instrumentos podem ser escutados em harmonia, e ainda assim a pegada e peso são quase sufocantes. Mérito pros caras: a ensandecida platéia pode ser escutada sem esforço, algo que parece óbvio, mas tem sido uma constante o lançamento de registros ao vivo nos quais quase não se escuta nada além da banda. Obviamente a qualidade sonora é mais notável no BD do que nos CDs, mas ainda assim garanto que esse é disparado o melhor lançamento ao vivo do Testament em CD nesse quesito.


Edição e Qualidade de Imagem

Tem sido fato corriqueiro o lançamento de BDs de Heavy Metal enganosos, nos quais nos deparamos com material de qualidade inferior, passando bem longe da alta definição (o BD do Avantasia e o En Vivo do Iron Maiden me vem a cabeça). Esse não é o caso aqui. As diversas câmeras presentes no evento captaram tudo com perfeição, dos detalhes do pedestal de Chuck até as rugas de Greg, nada escapa à alta definição.
As tomadas e cortes são excelentes, Alex faz um solo, a câmera está lá, Gene manda mais uma virada monstro, e lá temos o close. A cada música executada aparece uma estilosa etiqueta informando o nome do petardo e do álbum onde apareceu originalmente. Mas nem tudo é tão perfeito assim: a edição lotou a película de efeitos visuais por vezes desnecessários. Câmera lenta, tela dividida, imagens em PB, tremidas estilosas, tudo isso às vezes deixando o show com cara de um grande videoclipe. Após umas duas ou três assistidas acabei me acostumando. Mas da primeira vez que vi o show, fiquei fulo com isso. Enfim, talvez não seja algo que venha a incomodar muita gente.

Extras

Dentro do pacote temos uma limitada paleta de material extra. Um curto apanhado de imagens desnecessárias de shows e bastidores ao som de músicas do novo disco e o videoclipe para Native Blood. Sobre esse último, uma curiosidade: o clipe retrata o preconceito que Chuck sofreu em sua adolescência, fato que o levou a ter vergonha de suas origens até a idade adulta. Tendo se reencontrado com sua cultura por conta da luta contra o câncer, Chuck resolveu fazer dessa música uma homenagem aos nativo-americanos. Calhou que tanto música quanto clipe foram abraçados por sua tribo de origem, levando o último a receber um prêmio no American Indian Film Festival, que prestou também homenagem ao vocalista.


Saldo Final

Dark Roots Of Thrash tem poucos defeitos e muitas virtudes, podendo ser considerado um dos grandes registros ao vivo da história do Thrash Metal. Coloque para rodar em alto volume e tente resistir à tentação de fazer uma sessão de air guitar ou headbanging na sua sala. Impossível, te garanto. Absolutamente imperdível.

NOTA: 9

Prós:
Muita energia, peso descomunal, ótimo repertório, grandes atuações e qualidade de som e imagem impecáveis.

Contras:
Edição estilosa pode cansar um pouco. Extras insignificantes.

Para Fãs de: Metallica, Exodus, Megadeth, Death Angel e outras bandas clássicas e/ou modernas de Thrash Metal.

Ficha Técnica
Banda: Testament
Origem: EUA
Título (ano): Dark Roots Of Thrash (2013)
Mídia: BD + CD duplo
Lançamento: Nuclear Blast (importado)

Faixas (duração): 20 (100’) - show.
1. Intro; 2. Rise Up; 3. More Than Meets The Eye; 4. Burnt Offerings; 5. Native Blood; 6. True American Hate; 7. Dark Roots Of Earth; 8. Into The Pit; 9. Practice What You Preach; 10. Riding The Snake; 11. Eyes Of Wrath; 12. Trial By Fire; 13. The Haunting; 14. The New Order; 15. D.N.R.; 16. Three Days In Darkness; 17. The Formation Of Damnation; 18. Over The Wall; 19. Disciples Of Watch; 20. Credits.


Arte de Capa: Eliran Kantor

Formação:
Chuck Billy – voz;
Alex Skolnick– Guitarras e voz;
Eric Peterson – Guitarras e voz;
Greg Christian - baixo
Gene Hoglan– bateria.

2 comentários:

  1. Do caralho esse show!
    Nem tava ligado que os cara tinha tanta coisa boa nova, não ouvia nada deles faz uma cara. Boa dica essa aí
    posta mais trash aqui
    abrá
    Danilo Z.

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    Respostas
    1. Fala, Danilo
      O Testament deu uma caída com souls of Black e The Ritual e muita gente deixou a banda para lá.
      Escuta os três últimos de inéditas, The Formation Of Damnation, The Gathering e Dark Roots Of Earth - em especial esses últimos dois, que você vai ficar de queixo caído. Ah, e o The Gathering tem o Lombardo destruindo tudo na batera, nem preciso dizer mais né?
      E sobre Thrash, tem o BD do Kreator que está matador e daqui a pouco posto aqui
      Grande abraço
      Trevas

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