quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Down - Down IV Part I - The Purple EP (2012)




Renascido da Fumaça

Prólogo –  Adeus Ao Projeto – Longa vida à Banda!

Quando surgiu, nos idos de 1991, o Down não passava de uma brincadeira de amigos músicos relativamente bem sucedidos, com o intuito de homenagear suas bandas favoritas de doom, dentre elas, Trouble e Saint Vitus. A banda chamou atenção da cena metálica mundial inicialmente por curiosidade. Afinal, não é todo dia que gente de bandas como Corrosion Of Conformity (Pepper Keenan - guitarra), Crowbar (Kirk Windnstein e Todd Strange, respectivamente guitarra e baixo), Eyehategod (Jimmy Bower - bateria) e Pantera (Phil Anselmo - voz) se junta para fazer um som, ainda que aparentemente sem compromisso.


Mas eis que eles calham de lançar o fenomenal Nola (sigla vernacular para New Orleans, de onde vem a corja toda) e a faixa Stone The Crow (ver cilpe) simplesmente estoura nas rádios americanas (e na MTV) - e então não tinha mais volta, a brincadeira tomava are$ de $eriedade. Não dava para ficar em um disco só.




Mas como todos tinham compromissos com suas bandas principais, que por sinal, iam muito bem das pernas – no caso do Pantera, muito mais que “muito bem” – o Down acabou por se tornar um projeto.


E já com Rex Brown (também do Pantera) no posto outrora ocupado por Todd Strange, o Down viu a luz do dia mais duas vezes, nos discos Down II – A Bustle In Your Hedgerow e Down III – Over The Under. Ambos com resultados muito inferiores ao disco de estréia.


Down com Rex Brown

Mas com o fim do Pantera (e de qualquer esperança de reunião do mesmo, com a morte de Dimebag) e declínio comercial das demais bandas, começou a sobrar algum espaço para turnês com o Down, e seus membros então viram que talvez não fosse má idéia tornar a brincadeira em trabalho principal. Este foi o caso para Phil Anselmo e para Pepper Keenan, que acabara de entregar os pontos em sua encarnação do COC.

Mesmo com a baixa de Rex Brown, que supostamente estaria lidando com seus “demônios pessoais” (mas que aparentemente só estava dando preferência a $uperbanda Kill Devil Hill, projeto que montou com Vinny Appice) e foi substituído por Pat Bruders (Goatwhore e Crowbar) – o Down anunciou sua intenção em deixar de ser um projeto para ser uma banda regular. Seu primeiro passo seria entrar em estúdio e compor músicas em blocos, para formar o total de quatro EP’s, a serem lançados tentativamente entre 2012 e 2013.


O primeiro acaba de chegar às lojas, intitulado Down IV Part I – The Purple EP, resenhado abaixo. E o resultado saiu melhor do que a encomenda!



Down em doses homeopáticas, parte I

Fade In: riff pesadão e arrastado crescendo, produção totalmente vintage e em alguns segundos somos apresentados à linhas melódicas de guitarra contagiantes e absolutamente doom. Phil Anselmo vocifera o atemporal 1,2,3,4 e Levitation abre a bolacha de maneira surpreendentemente  inspirada. Sua performance está bem mais melodiosa e nada gritada, o que casa de forma perfeita com o som do Down.


Já bastante difundida na internet, a fantástica Witchtripper (ver clipe) mostra claramente as admitidas influências de bandas como Witchcraft e Graveyard da atual onda de bandas de retro-rock vindas da Suécia nesse ressurgimento criativo do Down, stoner de qualidade e forte candidata a faixa obrigatória nos shows.



A caixa de riffs do tio Iommi deve ter sido furtada e nesse caso algumas coisinhas foram utilizadas de forma nada parcimoniosa em Open Coffins, totalmente Sabbathica e que não deixa o padrão de qualidade baixar.

Nesse momento fica a impressão que só as três músicas apresentadas já engolem os irregulares Down II e III. E então chega The Curse Is a Lie, para deleite dos fãs de doom metal, coroar a evolução de Phil Anselmo em mais uma performance desprovida dos exageros de outrora e que mostra ao mundo um novo vocalista - É justo - se o Down virou banda de fato, este cantor aqui é o Phil do Down e não mais o eterno berrador do Pantera tentando soar limpo. O curioso é descobrir que o cara é vidrado em Paul Rodgers e Coverdale, a quem ele diz estar escutando cada vez mais para desenvolver seu estilo de voz mais limpo. Não que exista muito de algum dos dois mestres no estilo de Phil, que é um vocalista daqueles que se reconhece à primeira audição – o que é para poucos, mas certamente sua abordagem está o mais próximo do blues e hard setentista que seu background extremo permite ir.

A vigorosa This Work Is Timeless pode soar como algo que o Down já fez antes, mas ainda assim te faz querer bater cabeça, então não há mal algum em soar ligeiramente genérico. Ah, e tem que ser destacado o belo trabalho dos guitarristas Pepper Keenan e Kirk Windstein no meio da faixa.


O jogo já estava ganho, mas o melhor ficou para o final, Kirk e Pepper detonam um riff que ao mesmo tempo que remete ao Black Sabbath, soa absolutamente novo. Parecendo ter sido cunhada nas montanhas da perdição, a vintage Misfortune Teller  (ver clipe) é o maior presente que esse novo Down apresentou a seus fãs. Após alguns minutos de silêncio, surge em fade in o trecho de algo que imagino ser um teaser do novo EP...aguardarei ansiosamente.


Saldo Final

Quando li pela primeira vez Pepper Keenan falando sobre a idéia dos Eps, confesso que encarei como uma tremenda furada.

Obviamente estava enganado.

Talvez por ter que apresentar poucas faixas de uma só vez ao público, a banda tenha se esmerado em fazer com que essas poucas faixas fossem dignas do que se espera do Down – e pensando bem, foi exatamente o fato de contar com um amontoado de encheção de lingüiça que os capítulos II (que contem umas 15 faixas) e III (12 faixas) perderam consideravelmente poder de fogo em relação ao ótimo Nola.

Ou seja, em pouco mais de meia hora, (e talvez por coincidência – o que não acredito - batendo exatamente em 33,3 minutos segundo a biblioteca do Itunes) o Down chegou perto do disco que é considerado seu cartão de visitas.

Adeus ao projeto Down, longa vida à banda – e que venham logo os outros EP’s.


NOTA: 8,5


Ficha Técnica

Banda (Nacionalidade): Down (EUA)

Título (ano): Down IV Part I - The Purple EP (2012)

Mídia: EP

Gravadora: Down Records (Importado)

Faixas: 6

Duração: 33’

1. Levitation; 2. WitchTripper; 3.Open Coffins; 4. The Curse Is a Lie; 5. This Work Is Timeless; 6. Misfortune Teller.


Rotule como: Stoner, Doom

2 comentários:

  1. Passe longe se: VOCÊ ACHA QUE O PANTERA ACABOU POR CAUSA DO ANSELMO... Hahahahaha...

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    1. Ué, e não foi não????
      WHEHHEHEHEHEHEHHEHEHEHHEHE
      mandou bem, devia ter colocado isso!!!!
      Abraço
      T

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