segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Pain Of Salvation – Panther (CD-2020)


 

Danielzito e Os Panteras

Por Trevas

O Pain Of Salvation (ou POS) sempre foi uma banda difícil de definir. Lembro que o primeiro lançamento deles por aqui vinha com uma propaganda bizarra que citava que os suecos soavam como o inominável cruzamento do Dream Theater com o Faith No More. O fato é que o incansável (e por vezes pretensioso) Daniel Gildenlöw, vocalista, multi-instrumentista e dono da bola, gosta de expandir as fronteiras musicais do POS. Mesmo assim, muitos dos fãs de carteirinha imaginaram que In The Passing Light Of Day esgotaria a jornada de Daniel e sua trupe: para onde iriam depois de um trabalho tão completo e que encerrava claramente um ciclo, com seus ensaios sobre a mortalidade? Pois bem, dessa vez o patrão, recentemente diagnosticado com Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA), resolveu tornar isso um novo tema: a dicotomia em um mundo em que as pessoas se dividem em gente pragmática, pé no chão e comodista (Dogs), em contraponto a espíritos inquietos, sonhadores, aventureiros e intensos (Panthers). Ah...ok...

Danielzito e Os Panteras


E a temática, não muito complicada, praticamente se esgotaria logo de cara, com a ótima Accelerator, primeira faixa do disco e também primeira a ser trabalhada como videoclipe. Mas mesmo não sendo exatamente o mais desafiador dos conceitos, ainda rendeu algumas boas letras em um disco bem mais esquizofrênico que o incensado trabalho anterior.


A sonoridade aqui tem muito de eletrônica, como na já citada abertura, e nas subsequentes Unfuture (ótima), Restless Boy (esquisita, mas ok) e Keen To A Fault (outro destaque). E ainda que seja pouco provável que algum fã de carteirinha ainda possa se assustar com a banda, as toneladas de Hip Hop na irritante faixa título dificilmente conquistarão novos fãs para os suecos. Confesso que demorei algumas audições para me acostumar à produção, nas mãos de Gildenlöw e Daniel Bergstrand. Tudo soou a princípio meio árido, com cara de uma Demo ou material não finalizado, os elementos eletrônicos por vezes soterrando os instrumentos. Com o tempo acabei por me acostumar, mas não escolheria esse disco como um exemplo de sonoridade interessante a ser replicada. Em termos de composição, tudo aqui ficou nas mãos de Daniel, que perdeu um parceiro criativo na tão comemorada troca de Ragnar pelo retorno de Johan Hallgren.


Curiosamente, um dos melhores momentos da bolachinha vem justamente com Wait, uma bela e épica balada, bem menos experimental do que suas companhias de repertório. Já o tradicionalmente épico encerramento com uma faixa longa, o que é um padrão interessante para uma banda que tenta não soar formulaica, dessa vez vem sobre a figura da algo sensível Icon, que não consegue cativar tanto quanto seus 13 minutos prometem. Entre momentos belos e outros incômodos, Panther acaba por ser mais um ótimo trabalho do Pain Of Salvation, seu sucesso residindo justamente na capacidade de desafiar o ouvinte. Um grande disco, algo pretensioso, mas somente indicado àqueles que estão abertos a algo que fuja um pouco dos padrões mais tradicionais do Rock. (NOTA: 8,66)

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Gravadora: Urubuz Records (nacional)

Prós: musicalmente desafiador, como esperado

Contras: produção esquisita

Classifique como: Prog Metal

Para Fãs de: Fates Warning, Devin Townsend


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