segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Whitesnake – Flesh & Blood (CD-2019)




Do Baú da Serpente Cansada
Por Trevas

O lançamento do 13º disco de estúdio do combo multinacional capitaneado pelo lendário David Coverdale veio cercado de drama, qual uma novela mexicana. Coverdale alardeia aos quatro cantos que esse seria o trabalho definitivo da banda. Coverdale fica muito doente. O lançamento é adiado por meses e meses. Motivo? Não se sabe se foi exatamente a doença do líder do bando ou alguma treta com a gravadora. Enfim, Flesh & Blood é lançado. A capa, uma quase cópia da utilizada num Greatest Hits da banda na década de 1990. O que, confesso, me passou pouca confiança no que viria dali.

Coverdale e seus Jedis
Produzida por Coverdale, Hoekstra e Beach, com assessoria do engenheiro de som Michael McIntyre, a bolachinha começa murcha, com Good To See You Again remetendo a um pouco inspirado Lado B de Slide It In. Gonna Be Alright melhora um pouco a impressão, mas logo somos arremessados na farofesca Shut Up & Kiss Me. Um cacareco reminiscente da era Glam Metal tão genérico que chega a passar vergonha até diante dos piores momentos do Slip Of The Tongue, até então o pior disco da história da banda. Assustador que tenha sido escolhida como faixa de trabalho.



Hey You é bem melhor, ainda que os vocais dos versos me lembrem demais alguma outra música (não descobri qual, quem souber me avise). Bacana também é a Thinlizzyana Always & Forever, que me pregou uma peça num Blind Ear que fiz para a Roadie Crew (ainda a ser publicado). Coverdale sempre foi um mestre na arte das baladas, mas aqui passa longe, muito longe de acertar a mão. Difícil acreditar que When I Think Of You e After All possam melar cuecas e/ou calcinhas em qualquer planeta conhecido dessa galáxia.



Estou soando rabugento? Odiei o disco? Definitivamente não. Os músicos são excelentes, sempre há algo para admirar aqui e ali, e Coverdale ainda soa bem em estúdio. Mas suas novas parcerias nas composições passam longe de fazer justiça ao passado da banda. Beach e Hoekstra são grandes guitarristas, mas parecem atirar para todo o lado nas músicas escritas, na maioria das vezes sem acertar os alvos pretendidos. E nenhum deles consegue assumir o protagonismo como Guitar Hero no posto recém abandonado. Existem bons solos aqui, claro, mas nada que mereça um carimbo de qualidade de gente do quilate de Sykes, Moody, Galley, Vai e Aldrich.



O disco segue com músicas medianas como Trouble Is Your Middle Name, Get Up e a faixa título. Tropeça ainda mais na melecosidade da já citada After All. Mas tem também bons momentos, como em Well I Never (outra a invocar a transição dos anos 1970 para os 1980, possivelmente a melhor do bando), a soturna Heart Of Stone (enfim uma boa balada) e o fechamento inspirado com Sands Of Time. Ainda assim, nenhuma delas parece fadada a se tornar obrigatória nos sets dos shows vindouros. Enfim, Flesh & Blood é um daqueles trabalhos talhados para serem ouvidos como música de fundo, em segundo plano. Uma confortável colcha de retalhos que soa como uma compilação regravada de Lados B de eras diferentes da gloriosa carreira de Coverdale e sua trupe. (NOTA: 7,07)

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Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: ótima produção, algumas boas faixas
Contras: parece um amontoado de Lados B de diferentes fases da banda
Classifique como: Hard Rock, Classic Rock
Para Fãs de: Foreigner, Eclipse


2 comentários:

  1. Pela resenha, achei que a nota seria menor.
    Eu sempre tive muitas ressalvas não só com o Whitesnake, mas, principalmente, com o CoverDele - de uns bons tempos pra cá vem lutando bravamente com o Deep Purple pela insignificância de seus álbuns.
    É claro que deve ter lá seus bons momentos, mas tenho certeza que, de maneira geral, é tão esquecível quanto qualquer dos últimos álbuns da banda.
    Abração, mizifio!!
    ML

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    Respostas
    1. Fala Lacerdão!
      Notas sempre tem, um lado subjetivo, nem as levo tão à sério assim. Mas mantenho pois sei que tem gente que nem lê a resenha, já vai direto para a nota hehehehehe
      O uso da ferramenta de avaliação do The Metal Club me ajuda, mas tem seus senões.
      Então, o disco está um pouco acima da mediocridade pois tem umas três ou quatro faixas realmente boas. Mas discordo sobre a obra atual da banda, considero Forevemore e Good To Be Bad melhores que coisas como Restless Heart e Slip Of The Tongue.
      Grande abraço
      T

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