segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Satan – Cruel Magic (CD-2018)

Satan - Cruel Magic (Cd-2018)

Satã Clama Metal!
Por Trevas

Terceiro disco dos veteranos da NWOBHM desde seu brilhante retorno aos estúdios, Cruel Magic ganhou uma impensável edição nacional pela Urubuz, com um slipcase que realça a malvada e bela arte de Eliran Kantor (Kreator). Arte aliás, que parece continuar a temática do mórbido juiz que aparece desde os tempos do longínquo e clássico Court In The Act. Mas quem esperava um mais do mesmo do quinteto britânico, deve ter tomado um certo susto.

Vossa Satânica Majestade
Into The Mouth Of Eternity chuta eventuais bundas esperançosas pela mesmice com uma introdução totalmente progressiva, para então adentrar o ramo do Metal oitentista com uma produção crua e bem ao vivo, que parece reminiscente do fim dos anos 1970 do que da própria era que consagrou o Satan. A música é brilhante, com Brian Ross e sua voz que nunca envelhece entoando suas inspiradas letras algo esquisotéricas rodeado de uma orgia guitarrística de arrancar sorrisos de qualquer fã de guitarras dobradas. Steve Ramsey e Russ Tippins definitivamente não estão para brincadeira aqui.



A faixa título começa misteriosa e o baixo pulsante de Graeme English fazendo uma belíssima dobradinha com a bateria “na fuça” de Sean Taylor, cada batida uma pancada nos tímpanos. O estilo de gravação setentista chama a atenção, alguns solos até mesmo poderiam evocar algo como Foghat e os backing vocals, são deliciosamente “largados” e também temos cowbells aqui e acolá. Não se assuste, o Satan ainda está ali, prontamente reconhecível mesmo àqueles que só acompanharam o debut, mas os caras conseguiram trazer um molho à mais. O single The Doomsday Clock (que curiosamente tem um trecho que parece cantado pelo Daron Malakian do SOAD!) e sua sucessora Legions Hellbound (uma das faixas mais fodonas de metal tradicional que já escutei) bem poderiam estar no disco de estreia, diga-se de passagem.



Ophidian dá a impressão que o quinteto tentou reescrever The Ripper, do Judas Priest. Mas o fez com esmero, pois conseguiram manter aquele clima de suspense/horror que seus conterrâneos canalizaram sonoramente décadas atrás. O começo com a bateria de Sean Taylor dá o sinal para My Prophetic Soul, a menos inspirada de todo o disco, mas ainda assim capaz de fazer o pescoço balançar e as mãos acompanharem os riffs e intrincados solos em uma guitarra invisível. Death Knell For A King nos faz querer ajoelhar perante a majestade Brian Ross. Como o cara soa bem aqui. E as letras conseguem soar absolutamente Heavy Metal sem dar aquela vergonha alheia. Um talento de poucos.



Who Among Us soa um cadinho abaixo do massacre sonoro, mas Ghosts Of Monongah, que musica esplendorosamente a história da catástrofe que dizimou mais de 300 mineiros na homônima cidade estadunidense séculos atrás, me faz pensar que diabos os caras beberam para esbanjar tamanha inspiração em um estilo já tão batido. Mortality encerra com toques orientais e maestria um disco impressionante.


Veredito da Cripta

Quantas bandas conseguem depois de um hiato tão longo replicar a magia de seus primórdios em uma trinca de discos tão forte? Um fenômeno raro, mas aqui o Satan ainda foi mais longe, buscando toques de progressivo e de timbres setentistas para produzir algo ainda mais raro: um disco único. Nada soa como esse Cruel Magic. Facilmente um dos melhores discos desse excelente 2018!


NOTA: 10


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Gravadora: Urubuz Records (nacional)
Prós: um disco único, e ainda assim soa como Satan clássico
Contras: produção crua e bem “ ao vivo”, pode incomodar alguns
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Blitzkrieg, Angel Witch




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