sábado, 16 de dezembro de 2017

Deep Purple + Cheap Trick + Tesla - Solid Rock festival (Jeunesse Arena - Rio de Janeiro/RJ - 15/12/17)

Solid Rock Festival


Olá, Guardiões da Cripta!
Mais uma participação especialíssima aqui na Cripta para cobrir um evento para lá de esperado! Sim, meu amigo e colega de Metalmorphose, o Rinoceronte Branco André Delacroix, um dos maiores bateristas do Brasil, foi lá conferir a passagem de seu amado Cheap Trick por terreno tupiniquim, nos brindando com um texto para lá de bacana!
Espero que gostem!
Abraço
Trevas 

Sinta a felicidade de nosso enviado especial 
Uma Trinca De Ases!
Texto por delacroix
Fotos de Tesla e Cheap Trick: página oficial das bandas
Foto do Deep Purple: Daniel Croce

Cheap Trick!
Desculpem, mas eu não poderia começar essa resenha do evento de ontem, de outra forma.
Grande fã, trinta e nove anos de espera por um show dos caras por essas bandas… muita anisedade… muita emoção!

Mas, vamos lá…
O Tesla é uma banda da safra Hard Rocker oitentista que nunca foi assim, do primeiro time, mas que tem um trabalho de qualidade, voltado pra um lado mais Blues/Rock a la Aerosmith do que para algo mais “farofesco” (permitam- me o neologismo) a la Poison, Pretty Boy Floyd e similares.

Vieram como azarões, abrindo, com shows curtos (sete músicas, no Rio, oito) por serem banda de abertura, mas conseguiram, finalmente (tal qual o poderoso Cheap Trick) se apresentar no RJ (dava pra ver na animação dos músicos da banda).

Como não sou conhecedor da obra dos caras e não sei se o set list publicado na internet está correto, vou resumir a apresentação dizendo que os caras realmente são ótimos músicos, as músicas são muito bem feitas, ora empolgantes, ora mais calmas e que todos que chegaram a tempo, com certeza, no mínimo passaram a respeitar o trabalho da banda.

Destaques para o ótimo vocalista Jeff Keith, com muito carisma e uma excelente voz cheia de feeling , que engrandece as composições da banda. De sons mais intensos como a música de abertura “Edison´s Medicine” a baladas, como a mais conhecida “The Way it Is’, os caras mostraram muita qualidade musical O batera Troy Lucketta tem pegada firme e precisa e o guitarrista Frank Hannon faz bonito nos solos.

Um começo de noite muito bom, com ótima qualidade de som (me surpreendi), aquecendo a galera pro que via pela frente.

Tesla passando o som na Jeunesse Arena



Sei que muita gente desdenhou e chegou tarde ou até ignorou as apresentações das duas bandas de abertura, o que é uma grande pena. Perde- se cultura musical e a chance de se evitar ser um fã obtuso de música, limitando seus conhecimentos musicais às mesmas cinco bandas de sempre.
Pronto, falei he he

A banda mais aguardada (por mim), Cheap Trick entrou no palco com a já esperada intro “Hello There”, música que abre praticamente todos os shows, já ditando a pegada do concerto (com exceção de uma ou outra balada). Entraram forte e já mostraram aos descrentes que Cheap Trick é Rock N Roll visceral, sim, e não apenas uma banda de baladas melosas, como passou a ser vista, graças a uma fase realmente mais mansa nos anos 80 (ah, as gravadoras)

“Elo Kiddies” do primeirão veio com peso, mas foi em “Big Eyes” que a casa caiu, mesmo. Peso total e lágrimas deste que vos escreve. Música clássica do petardo ao vivo “At Budokan”, primeiro deles que eu ouvi na vida e que me fisgou de imediato.
Daí em diante o porta-voz da banda e mestre de cerimônias Rick Nielsen e seus comparsas detonaram a ótima Jeunesse Arena com vários petardos da carreira da banda (praticamente focando apenas nos anos 70, quando a banda lançou cinco discos). Algumas inesperadas, como The House is Rockin do excelente “Dream Police”, um rockão lado B; “Lookout” um Rock frenético que foi registrado inicialmente no “At Budokan” ;“Voices” balada agradável e água com açúcar , também do “Dream Police” e “The Ballad of TV Violence’, do primeirão (essa eu confesso que não faz muito a minha cabeça).
Fora os clássicos que não podiam faltar como “Dream Police”, “I Want you to Want Me” (grande sucesso da banda, versão do “At Budokan” e “Surrender” (de “Heaven Tonight”.)

 A banda ao vivo é muito forte, uma máquina. A cozinha com o baixo de doze cordas de Tom Petersson e com o ‘novato” Dax Nielsen na batera (substituindo o mítico batera original Bun E. Carlos) é muito precisa e poderosa, deixando espaço para os destaques Rick Nielsen , principal compositor e guitarrista cem por cento Rock N Roller e suas bases inspiradas e solos incendiários (infelizmente, parcialmente prejudicados em termos de volume) e Robin Zander (a meu ver, um dos maiores vocalistas de Rock de todos o tempos) , que me surpreendeu com sua performance irrepreensível, alternando vocais mais intensos e rockeiros a momentos de suavidade e melodia, de forma mais natural, impossível (isso aos sessenta e quatro anos!)

Fora os clássicos dos anos setenta, tivemos “The Flame” (grande sucesso deles nos anos oitenta), “In the Streets” (da trilha sonora da famosa série ‘That Seventies Show” ) e “Long Time Comin” (e como!), do mais recente disco “Were All Allright” que voltou a uma sonoridade mais rockeira (teria a entrada deles no Rock N Roll Hall of Fame, no ano passado, animado o espírito mais rockeiro da banda?)

“California Man “, cover de “The Move” botou fogo na galera, mas poderia ter sido o único da noite. “Magical Mistery Tour” dos Beatles é bem legal, mas eu preferiria “Come on, Come on”, “Clock Strikes Ten’ ou “Stop This Game’, que foram tocadas em SP, por exemplos (sons autorais!). O mesmo para o cover de “Velvet Underground, “I´m Waiting for the Man” , cantado pelo Tom Petersson, desnecessário.

Apesar desse pequeno detalhe (e eu tô sendo bem minucioso, mesmo he he) o show foi arregaçante e os caras deixaram uma ótima impressão mesmo em quem não os conhecia e pagaram essa “dívida histórica” com o Brasil. Mágico.

Cheap Trick fazendo novos amigos

Já o Deep Purple chegou consagrado e , mesmo antes de tocar sequer uma nota e, apesar das críticas aos mais recentes trabalhos, fez um show que empolgou a plateia e fez jus á história da banda.

Ian Gillan já não tem mais aqueles agudões? Não. Steve Morse não é o cara certo pra o lugar do lendário Ritchie Blackmore? Don Airey não tem como substituir o insubstituível Jon Lord?

Bom, o Gillan se saiu muito bem durante todo o show, respeitando seus limites que vieram com a idade (setenta e dois anos e no palco, afinal de contas!), arriscando agudos suaves, para pontuar malabarismos de outrora e cantando com feeling os vários clássicos que a banda executou na noite.

Steve Morse, obviamente é um excelente guitarrista, mas eu não acho que ele tenha um “determinado o quê” que o Blackmore tem. Talvez seja o velho choque “Virtuose x feeling”, não sei bem explicar. E não é que ele não tenha feeling, não me entendam mal. De qualquer maneira, o cara toca muito e inclusive, durante um solo de guitarra, ele inseriu a melodia de “Surrender” do Cheap Trick. Bônus pra o homem das seis cordas.

Ian Paice: o que mais dizer sobre esse batera monstro? Muito groove e finesse na batera e Roger Glover “fechou” bonito com ele. Cozinha classe A.

Já Don Airey brilhou na noite. Além de respeitar o timbre e a execução do insubstituível Jon Lord, Airey debulhou nos teclados, tanto nas músicas como em dois solos extensos, que encheram os ouvidos da galera, inclusive incluindo temas de músicas brasileiras (Bossa Nova e Marchinhas), para o delírio da plateia. Show de bola.

Entre uma ou outra mais nova, o Purple se concentrou em clássicos que agitaram a galera (que encheu a pista e a maioria das arquibancadas, mostrando que o RJ surpreendeu em termos de presença de público – parabéns por isso!) , abrindo o show com o “pé na porta”, com a intensa e clássica “Highway Star”. Tocando depois, “Blood Sucker” (do brutal “In Rock”), Lazy, Black Night (com os famosos ô, ô, ôs do público), Strange Kind of Woman, uma dobradinha do “Perfect Strangers”, a música homônima e “Knockin on your door” e, é claro, atingindo o ápice com  a mega clássica que todo mundo conhece “Smoke on the Water”, com participação de Rick Nielsen do Cheap Trick na guitarra.

Enfim, fizeram um show arrasador e surpreenderam quem não acreditava mais no “poder de fogo” dos velhinhos.
O “Solid Rock” foi uma noite para não se esquecer, com ótima participação de público, ótimas apresentações das bandas, excelente organização em um espaço para shows que se mostrou à altura do evento.

Parabéns, Tesla, Cheap Trick, Deep Purple e público rockeiro do RJ!


Steve Morse mostrando todas as rugas, foto por Daniel Croce


2 comentários:

  1. Texto perfeito! Apesar do horário complicado para o show do Tesla, consegui curtir e posso dizer que ganharam o meu respeito. As três bandas foram incríveis e nos deram uma noite inesquecível, ou melhor... Histórica!

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    1. Olá, Ana
      Realmente, Mr. Delacroix nos levou diretamente para o centro da arena com essa resenha, certamente ele irá aparecer mais vezes aqui na Cripta!
      Saudações
      Trevas

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