segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Curtas: Gary Moore, Lacuna Coil, Deftones, Sunstorm

Gary Moore, Lacuna Coil, Deftones, Sunstorm

Curtas: Gary Moore, Lacuna Coil, Deftones, Sunstorm

Gary Moore - Live At Bush Hall 2007 (Cd-2016)
Gary Moore – Live at Bush Hall 2007 (Cd-2016)

O Baú do Tio Moore

Lançado originalmente lá fora em 2014 numa edição que logo saiu de catálogo, esse é o relançamento brasuca de mais um ao vivo do cara de Morcego. Gravado às vésperas do lançamento de Close as You Get, disco de 2007, temos aqui o registro de um show bem diferente. Primeiramente, o show fez parte de uma promoção de uma rádio britânica, e os 400 felizardos presentes no evento compõe o hall de vencedores dessa promoção. E outro fator que fez desse show único é que seu set está calcado majoritariamente no repertório do disco novo. Que bacana que Close As You Get é muito bom, como vemos nas ótimas If The Devil Made Whiskey, Eyesight to the Blind, I Had a Dream, Trouble at Home e na versão para Thirty Days de Chuck Berry. Claro que estamos falando de um Gary em sua fase Blueseira, mas os fãs de seu lado mais hard tem uma ótima versão de Don’t Believe a Word, clássico do Thin Lizzy, para se divertir um pouco. De resto, um disco muito bem gravado, com ótima performance vocal e guitarrística do irlandês. O único senão fica por conta da participação do público, bastante tímida, obviamente por conta do número de espectadores e pelo clima intimista do show. Um grande lançamento que nos deixa esperançosos de que o baú do tio Moore ainda esteja repleto de belezuras ao vivo.

NOTA: 8,50

Pontos positivos: ótimas rendições para as músicas de Close as you get e alguns clássicos
Pontos negativos: plateia bem no fundo na mixagem.
Para fãs de: Joe Bonamassa, Rory Gallagher
Classifique como: Blues Rock


O saudoso cara de morcego, debulhando sua guitarra
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Lacuna Coil - Delirium (Cd-2016)
Lacuna Coil – Delirium (Cd-2016)

Bendita Loucura

O oitavo disco de estúdio dos italianos foi elaborado em situação extremamente incomum. O baixista Marco Coti Zelati ficou boa parte da turnê de divulgação de Broken Crown Halo no estaleiro, utilizando esse período de férias forçadas para exercitar seus talentos como compositor. Em paralelo, os italianos sofreram com uma espécie de demissão coletiva, com os membros de longa data Cristiano "Criz" Mozzati, Cristiano "Pizza” e Marco "Maus" Biazzi abandonando o barco no período de um ano. Tempos sombrios, temática sombria. Os vocalistas Cristina Scabbia e Andrea Ferro resolveram aproveitar o surto criativo de Zelati, e escolheram como tema central do novo trabalho explorar os recônditos mais sombrios da mente humana. Loucura, depressão e os horrores dos tratamentos psiquiátricos e suas instituições num passado não muito distante figuram nas letras de Delirium.


A temática trevosa acabou por gerar o disco mais pesado e sombrio da banda. Andrea Ferro tem aqui sua melhor e mais brutal performance até hoje (lembrando em algumas partes o Burton C Bell) e faixas como The House of Shame e as viciantes My Demons, Ghost in the Mist, Broken Things e Take Me Home bebem em iguais proporções das fontes do Metalcore, Groove Metal e Gothic Metal. Cris Scabbia também mudou em parte sua maneira de cantar, como fica evidente nos agudos estratosféricos da excelente faixa título. As guitarras são um caso à parte. Enquanto Zeloti gravou praticamente todas as bases, os solos ficaram ao encargo de músicos convidados, que trouxeram solos mais trabalhados do que o habitual. Entre os convidados, a surpresa fica por conta de Myles Kennedy, no belo solo da boa balada Downfall. Enfim, Delirium não é um retorno às origens, como foi vendido em declarações para a imprensa. O disco é ainda mais sombrio e pesado que os trabalhos mais antigos da banda, mas bastante moderno e bem mais sofisticado. Eis que da escuridão absoluta e da loucura surge o provável melhor trabalho do Lacuna Coil. Muito bom!

NOTA: 8,71

Pontos positivos: disco mais sombrio da banda, com a melhor performance vocal de Andrea Ferro até hoje
Pontos negativos: sua produção algo saturada pode causar cansaço.
Para fãs de: Paradise Lost, Delain, Within Temptation
Classifique como: Gothic Metal, Metal Moderno

Cris quer saber se você já tomou seu remedinho hoje
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Deftones - Gore (Cd-2016)
Deftones – Gore (Cd-2016)

Beleza Americana

Supostamente Gore é o disco que marcou a dissidência entre o guitarrista Stephen Carpenter e o vocalista Chino Moreno, por conta do direcionamento musical menos pesado forçado pelo último. A polêmica foi amplamente ventilada nos meios de comunicação especializados e parecia antecipar uma mudança drástica na sonoridade dos estadunidenses, talvez o único exemplar do moribundo Nu Metal a ainda contar com grande aceitação por parte da crítica. Mas ao colocar a bolachinha para rodar, fiquei com a impressão de que tudo não passou de um grande embuste, estratégia de marketing para chamar a atenção num mercado cada vez mais saturado de lançamentos. Não, Gore não é ruim, não mesmo. Mas sua sonoridade também não representa nada de tão novo na discografia Deftoniana. Diria que parece um cruzamento entre o comercial e direto (e ótimo) Diamond Eyes e o diversificado (e muito bom) Koi No Yokan. As melodias estranhas e ainda assim grudentas de Chino estão lá, fazendo de músicas algo incomuns como Prayers/Triangles, Hearts/Wires e (L)Mirl potenciais hits. Aliás, sou só eu ou alguém mais consegue ver o paralelo entre as linhas melódicas de Chino e as da Islandesa Bjork?


Engana-se quem acreditou que a produção do experiente Matt Hyde (Monster Magnet, Machine Head, Slayer, Slipknot...) deixaria a banda soar leve demais (vide porradas como Doomed User). As guitarras de Stephen Carpenter estão ali, destilando riffs à sua maneira peculiar, mas dessa vez experimentando um pouco mais, como nas dobras Ironmaideanas de Pittura Infamante e da belíssima Phantom Bride, essa última com participação do monstro Jerry Cantrell. Talvez o grande diferencial e maior charme de Gore seja o senso algo cinemático do material, que faz com que seus 51 fantasmagóricos minutos venham a fluir agradavelmente de forma contínua, ainda que as faixas tenham vida própria para o ouvinte casual. Um disco bonito e estranho que conta com ótima arte gráfica em seu lançamento nacional e que figura como forte candidato a entrar nas listas de discos do ano ao redor do globo.   

NOTA: 8,74

Pontos positivos: melodias vocais belas e intrincadas, boa cadência dando senso de continuidade na audição do disco
Pontos negativos: experimental demais a alguns ouvidos
Para fãs de: Bjork, Tesseract, Korn
Classifique como: Nu Metal, Metal Alternativo, Metal Moderno


Chino e sua trupe, aprontando muita confusão na sessão da tarde
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Sunstorm - Edge of Tomorrow (Cd-2016)
Sunstorm – Edge of Tomorrow (Cd-2016)  

Tempestade de Farofa

Edge of Tomorrow é o quarto rebento do projeto AOR capitaneado pelo veterano vocalista Estadunidense Joe Lynn Turner (Rainbow, Deep Purple, Malmsteen). Dessa vez o “Seu Peruca” resolveu reformular por completo a banda que o acompanha. Ao invés da base do Pink Cream 69, Joe cooptou um bando de pistoleiros de aluguel do selo AOR Frontiers, tendo à frente o tecladista e compositor Alessandro Del Vecchio, ser onipresente nos lançamentos atuais da gravadora italiana. A sonoridade, supostamente mais pesada que nos discos anteriores, na verdade está bastante próxima ao estilo de composição de Del Vecchio, que assina quase todas as faixas (com exceção de uma contribuição de Jim Peterik, do Survivor na oitentista The Sound of Goodbye): ou seja, uma sonoridade que geralmente lembra um Journey um pouco mais melancólico e rocker.


As faixas, aliás, são todas legais, ainda que raramente memoráveis. Os melhores momentos ficam com Heart of the Storm e a faixa título. Joe pode ser persona non grata para os fãs de Deep Purple e Rainbow, mas continua reinando absoluto quando se trata desse estilo mais comercial de Hard Rock. A banda toda é muito boa, mas quem brilha na parte instrumental é o guitarrista Simone Mularoni, que destila riffs e solos muito bem arquitetados e até mesmo mais vigorosos do que se esperaria. A produção, sob a batuta de Del Vecchio, é aquela tipicamente polida e algo plástica, tão característica dos trabalhos da Frontiers, fato que já começa a incomodar. Enfim, um bom disco, divertido e cliché até a medula e que irá agradar em cheio aos fãs de um AOR old school.

NOTA: 7,93

Pontos positivos: boas interpretações de Joe e ótimos solos de Mularoni
Pontos negativos: produção pasteurizada e canções bacanas, mas bem manjadas
Para fãs de: produções típicas da gravadora Frontiers
Classifique como: AOR, Melodic Hard Rock


Tio Joe, boquiaberto com o novo lançamento das Perucas Lady

2 comentários:

  1. Gary Moore e Lacuna Coil tenho que ouvir!!! E o Sunstorm não conheço, vou dar uma sacada...

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    1. Olá, camarada
      Pô, do Sunstorm comece pelo Emotional Fire, é o melhor!
      abração
      T

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