quinta-feira, 7 de abril de 2016

Judas Priest – Battle Cry (Blu-Ray – 2016)

Judas Priest - Battle Cry
O Ataque do Padre Rejuvenescido
Por Trevas

Agosto de 2015. O palco do Wacken com o gigantesco crânio em chamas adorna a noite alemã como o funeral de um Rei Viking. A introdução solene de Battle Cry soa nos alto falantes enquanto uma profusão de efeitos luminosos rasga os céus. E quando a cortina monstruosa despenca, o que vemos por detrás é a maior banda de Heavy metal em sua forma mais pura em ação.

A Banda

Ver o incendiário Richie Faulkner causa um nó no cérebro. Fica a clara impressão que KK Downing encontrou a fonte da juventude e nela se banhou. Seu estilo mais moderno revigorou também um padre que andava cansado em tempos recentes após décadas carregando um legado tão pesado quanto seus clássicos.


Os sessentões Ian Hill e Glenn Tipton mostram todas as rugas que os anos os trouxeram, mas suas almas também parecem ter sido contaminadas pelo poder da fonte da juventude. O cinquentão Scott Travis continua demolindo tudo com aquela postura de quem está brincando no parque. 


Halford, o próprio Metal God, esse sofreu a maior das mutações. A dor lancinante das hérnias de disco que robotizaram seus movimentos ao longo das últimas décadas se dissipou após uma arriscada cirurgia. Meses preso a uma cadeira de rodas não tiraram do gigante a vontade de retornar retumbante e imponente aos palcos. Halford brinca com a situação ao começar o show apoiado na bengala que se tornou companheira inseparável nas últimas turnês. Logo no meio da música de abertura, Dragonaut, Rob se livra da mesma e mostra que se não se movimenta como outrora, ao menos já não se parece com um autômato. A voz? Halford vive uma de suas melhores fases, e tive o prazer de ver o velhinho detonando por duas noites seguidas no Monsters Of Rock do ano passado com a voz tinindo. Infelizmente a performance vocal aqui não é nada impressionante. Rob estava em uma noite apenas regular. Longe da performance do Monsters e de muitas outras que são facilmente encontradas para a mesma turnê no youtube. Mas ainda assim capaz de chutar bundas de 80% dos vocalistas do mundo com metade dos 65 anos do Metal God.

Repertório

Ah, mas e o show? Bom, um dos trunfos do Priest em relação a outros baluartes do Metal é saber mudar seu repertório de turnê para turnê, sempre resgatando alguma pérola de seu extenso bestiário. Além das ótimas Reedeemer Of Souls e Halls Of Valhalla do último trabalho, temos aqui a reintrodução de Jawbreaker, Devil’s Child e Beyond The Realms Of Death. Ah, e além dessas faixas, as usuais Painkiller, Breaking The Law, Electric Eye, Turbo Lover e grande companhia podem ser encontradas nos pouco mais de hora e noventa de show.

Imagem, Edição e Som

Como é de costume nas filmagens oficiais do Wacken, tudo é correto e bem feito, mas sem muita margem para arroubos artísticos nas tomadas e cortes. Os tons de vermelho predominam e o Judas há muito usa as projeções de imagens a seu favor, numa produção e palco de primeira. O Som está absurdo, pesado e nítido, com o mago Tom Allom assumindo a mixagem como no passado. A única crítica aqui é em relação ao som do público, bem baixo em relação ao todo.

Extras

Temos três surpreendentes faixas gravadas num festival na Polônia, em dezembro de 2015. São elas, Screaming For Vengeance, The Rage e Desert Plains. A qualidade do material é excelente e deixa a gente com aquela vontade de que esse show pudesse constar integralmente do pacote.

Saldo Final

Mais um grande registro audiovisual de uma banda que é absolutamente incapaz de fazer um show ruim. Talvez um pouquinho aquém do excelente Epitaph, mas ainda assim uma grande pedida.

NOTA: 82

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