terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Orange Goblin – Back From The Abyss (Cd - 2014)

Orange Goblin - Back From The Abyss
Os Ogros Contra-atacam!
Por Trevas

Prólogo: Ou Vai ou Racha
Dezoito anos de estrada, e o Orange Goblin já havia se acostumado ao papel de mero figurante na cena metálica mundial.  No próprio Reino Unido a banda desfrutava de um status menor, um bando de ogros simpáticos e batalhadores que fazem discos simples e divertidos de heavy metal. Os eternos postulantes a reis do underground britânico. A cada disco lançado um curto cronograma de shows que algumas bandas teriam vergonha de chamar de turnê – tudo para poder conciliar as atividades musicais com empregos comuns. Entregadores de material de construção, vendedores de sanduíches em estádios – nem de longe o glamour que se imagina de uma banda com discos lançados em outros países.

Orange Goblin - Ben Ward mostra seus bons modos
Contas a pagar, famílias a sustentar, talvez fosse o momento de deixar o hobby de lado e encaram a realidade. Lançado em 2012, A Eulogy For The Damned seria o canto do cisne para o Orange Goblin. Se o disco não causasse uma miraculosa reviravolta, o quarteto abraçaria a aposentadoria sem grande alarde. Era ou vai ou racha. E não é que foi? Sucesso de crítica e venda (ok, relativo, mas os caras entraram no top 100 britânico, ora bolas), A Eulogy entrou na lista de melhores discos do ano de várias revistas especializadas ao redor do globo, catalisando o interesse de mercados anteriormente não explorados pelos shows dos caras. Até uma bem sucedida turnê pelos Estados Unidos eles conseguiram. Com um ano e meio de turnê previamente agendados, os quatro ogros se viram diante de uma decisão difícil: a de encarar o sonho e largar seus empregos em prol de uma profissionalização definitiva do Orange Goblin. Back From the Abyss é o primeiro rebento dessa nova era, um salto para o desconhecido.


Conceito e Arte Gráfica
A ideia inicial do disco era que o mesmo fosse gravado durante a infindável turnê (o abismo do título). Não funcionou. Aproveitando o momento, tão logo a banda terminou seu último show já agendou tempo em estúdio. Com Ben Ward trabalhando no empresariamento do Scorpion Child, o restante da banda compôs boa parte do material sem ideias concretas para as melodias, que foram adicionadas poucos dias antes do encerramento das sessões de gravação. Para marcar o renascimento do OG, foi convidado para criar a arte gráfica, o mesmo artista responsável pela capa do primeiro disco dos caras: Martin Hanford. A arte acabo ficando bastante semelhante à capa de Final Frontier, do Iron Maiden. Como também são londrinos, os ogros resolveram manter a arte, como uma espécie de homenagem aos ídolos. Para a produção, repetiram a dobradinha com Jamie Dodd.

O Disco
Sabbath Hex (vídeo abaixo), abertura do disco e primeira música de trabalho, é o típico som do Goblin, direto e algo tosco, mas diversão garantida. Tem toda pinta que funcionará muito bem ao vivo. Übermensch é legal, mas não traz lá nada de muito novo ao repertório habitual dos londrinos.


O disco absolutamente engrena com a vigorosa The Devils Whip, uma homenagem explícita e bem vinda ao Motörhead que funciona quase como se tivessem feito um reboot para Iron Fist. A voz rouca e grosseira de Ben Ward, diga-se, facilita bastante a tarefa de fazer referência a Lemmy e sua trupe. Demon Blues evoca um vampiro com escopeta nas mãos e anfetamina nas veias em um momento para lá de inspirado, com um refrão daqueles que talvez tenha faltado em parte da discografia da banda.


A genial Heavy Lies The Crown consegue misturar um clima setentista que por vezes remete ao Thin Lizzy a um final completamente True Metal. Com direito ao grandalhão Ward entoando “To Vallhalla” sobre os riffs mastodônticos de Joe Hoare!! Into the Arms Of Morpheus (com o baixo de Millard bem ao estilo Geezer) soa um pouco mundana comparada à faixa anterior, mas após a terceira audição te desafio a não cantar junto Praise The Valium.


Mythical Knives começa com um belo e climático dedilhado, descambando para ótimos riffs e um refrão marcante que faz dela um dos destaques do disco. Bloodzilla é acelerada, com uma performance visceral do baterista Chris Turner. Nesse ponto fica claro que a evolução da banda em muito se deve à aposta em um pouco mais de dinâmica, o material está bem mais diversificado, dentro dos padrões permitidos para ogros, claro. A produção busca com sucesso o equilíbrio, o disco soa muito bem, mas não fica polido demais, até porque não combinaria em nada com a proposta do OG.

Orange Goblin 2014 - Ogros profissionais
The Abyss traz pitadas de efeitos sonoros que fazem referência de leve ao passado mais stoner dos caras, uma faixa bacana marcada por bons riffs e que é seguida por Titan, uma instrumental que também não faz feio. Blood Of them é o típico épico OG, com ótimos riffs, andamento contagiante, bateria bacana e uma melodia simples coroada pela performance ogrona e efetiva de Ward. Apesar do longo título, The Shadow Of Innsmouth é uma curta instrumental híbrida, estilisticamente entre o stoner e o doom, que encerra o disco de maneira diferente e bem bolada.

Saldo Final
O primeiro rebento da fase profissional do Orange Goblin é uma ode ao ogro pride, um disco de heavy metal com toques equilibrados de stoner e doom que deve angariar novos fãs para os londrinos sem em nenhum momento desagradar quem acompanha a banda desde sempre. Como dito pela Classic Rock Magazine, um Orc’n’roll de respeito!

NOTA: 8,5

Prós:
Direto e sem frescuras, mas sem soar demasiadamente tosco.
Contras:
Direto e sem frescuras, não deve agradar quem busca algo muito trabalhado.

Classifique como: Heavy Metal, com elementos de stoner e doom

Para Fãs de: Heavy metal clássico em geral

Ficha Técnica
Banda: Orange Goblin
Origem: ING
Disco (ano): Back From The Abyss (2014)
Mídia: CD
Lançamento: Candlelight (Importado)

Faixas (duração): CD  - 12 (54’).
Produção: Jamie Dodd
Arte de Capa: Martin Hanford

Formação:
Bem Ward – voz;
Joe Hoare – Guitarra;
Martyn Millard – Baixo;
Chris Turner – bateria.

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